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Campo pequeno 2010 - Cincoquinas : http://youtu.be/nF0Irj80W5Q
Campo pequeno 2011 - Cincoquinas : http://youtu.be/4rnLqsTqZ7c
Campo pequeno 2012 - Cincoquinas : http://youtu.be/clT-Rk8pc_M
Vila Franca de Xira 2013 - Cincoquinas : http://youtu.be/d_tjgiwDj6Q

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Capeia Nave 2008 - Sergio Tomé : http://youtu.be/Q5dU2OSYuvE

Capeia Nave 2009 - Edgar Fernandes : http://youtu.be/bVcL7UIlFHk
Capeia Nave 2010 - Edgar Fernandes : http://youtu.be/siQiQihOO8g
Capeia Nave 2011 - Edgar Fernandes : http://youtu.be/yBJpKb5eOg4



Carnaval na raia - reportagem Sic : http://youtu.be/SkRgI2sAqZk


A CAPEIA RAINA

A capeia raiana 1


A Capeia Arraiana é uma tourada única no Mundo com origem nas Terras de Ribacôa mais concretamente nas aldeias raianas do concelho do Sabugal, no distrito da Guarda. A tradição das Capeias cuja origem se perde nos tempos é uma manifestação viril da juventude arraiana aliada à presença do «Forcão» em praças improvisadas nas aldeias. O «Forcão» é um instrumento de madeira em forma de triângulo, com um peso aproximado de 300 quilos, constituído por fortes troncos de carvalho, bifurcados à frente e reforçados no meio por madeiros transversais. Na frente destacam-se as duas galhas, esquerda e direita, para que o touro possa marrar numa luta constante entre a força do animal e a valentia dos rapazes desenhada num bailado permanente quer rodopiando quer aguentando as investidas do animal. É importante destacar que o touro não é picado nem batido e no final sai da praça sem nenhuma ferida ou sangue visível.


A capeia raiana 2


A capeia é uma forma ancestral de tourada popular, característica das aldeias raianas do concelho do Sabugal, actividade onde a faina colectiva dos lidadores do forcão, exercida com sincronismo e entreajadas, contrasta com a exaltação contagiante da assistência. A capeia é a festa dos rapazes solteiros, eles tem acção preponderante na sua preparação e nos cerimoniais que a antecedem e a integram ao defrontarem o touro escudados na paliçada do forcão. Os moços da Raia afirmam, perante a comunidade e os espectadores vindos das terras vizinhas, força e bravura, qualidades requeridas para a sua passagem à situação de adultos. A Capeia ocupa grande parte das conversas quer dos residentes dos povos da Raia quer dos emigrantes e a partir do mês de Junho é o único motivo de conversa no café, na taberna e em casa.


O encerro


São as aldeias que fazem fronteira com Espanha que têm maior tradição nos encerros. Cerimonia que antecede a capeia, quando o gado parte das terras castelhanas conduzido por homens a cavalo e termina na altura da sua entrada na praça. O cortejo e constituído pelos bois, cabrestos e cavaleiros que são recebidos pelo povo, mordomos e aficcionados de outras terras aglomerados ao longo do caminho que vem de Espanha onde são constantes as palmas, os "vivas" e manifestações de alegria.


A praça 1


A praça é improvisada no largo da aldeia, largo circular vedado em todo o perímetro, numas partes com reboques, salva-vidas e grades na horizontal para impedir que o boi fure e ajuda os cortadores ou corredores a saltar para os reboques, noutras são colocadas grades na vertical onde se protegem espectadores e cortadores. Cortadores são os rapazes que correm os bois a pé cortando-lhes as voltas em exercícios de entre ajudas em passagens rápidas e circulares. São improvisadas bancadas (calampeiras) onde mulheres, crianças e espectadores se instalam para assistir à capeia.


A praça 2


Remonta há muitos anos a tradição da capeia arraiana na zona do Sabugal, sendo sempre efectuada no largo principal de cada povoação, isto é, a Praça da Aldeia. mais ou melhores histórias, as capeias sempre tiveram uma motivação profunda e uma importância primordial para cada Aldeia, pois para além das festas religiosas, a Capeia culminava o encerramento das festas, sendo considerado o ponto alto de cada Aldeia, o mesmo se passando nos nossos dias. as capeias eram um pouco mais vibrantes, pois os touros eram valentes e corpulentos, para além de se apresentarem de pontas afiadas, o que equivalia por dizer, que, ou se arriscava menos no “afoliar” os bois, ou corria-se o risco, de vez em quando, de surgir uma cornada e até morte de algum mais afoito, nas diferentes Aldeias. Diziam os antigos de tempos de outrora, por incrível que pareça, capeia onde não houvesse uma morte ou “perigasse” alguém, a capeia não valia nada. Por aqui se pode aquilatar da braveza das capeias antigas.


O forcão


O forcão é constituído por um tronco comprido de carvalho, à frente na perpendicular é amarrado um comprido tronco com menor diâmetro (a galha) em cujas extremidades vão entroncar duas pernadas enviesadas vestidas de um amaranho de paus, (as galhas). Paralelamente à galha estão dispostas outras travessas formando uma espécie de estrado triangular. Toda esta forte estrutura de troncos é pregada e enleada com grossas cordas para resistir aos derrotes do touro. A parte de trás do forcão é o rabiche onde toma lugar o rabicheiro ou rabejador, elemento preponderante em todas as manobras deste singular duelo entre uma verdadeira mole humana debilmente protegida e a fúria sega do animal. O rabejador tem de ser um homem alto, possante e experiente pois o forcão tende a levantar no vértice ficando a base à altura das hastes do touro. Ao invés as galhas pedem homens mais baixos que não se atemorizem com a proximidade do touro. O forcão tem de se preparar muito cedo, os carvalhos são cortados em Janeiro, são descascados e ficam a secar à sombra até ao inicio de Agosto, uns dias antes da capeia a madeira já com menos peso é levada para a praça onde é construído o forcão por alguns homens da terra.


A arte do forcão


O forcão é um instrumento de lide de touros utilizado na capeia arraiana. Pesa cerca de trezentos quilos e são necessários cerca de 30 homens para o erguer.
O forcão é um engenho de forma , feito de pesados troncos de carvalho, cortados para o efeito, que terminam em forquilha onde se encaixa uma barra frontal, normalmente de madeira de pinho para ser mais leve, que se prolonga para lá dos ângulos cerca de dois metros.
As barras laterais são firmemente apoiadas numa trave central, que também termina em forquilha, sendo a outra extremidade prolongada, ultrapassando o vértice em cerca de 60 ou 70 cm, prolongamento a que se pode chamar zona de comando porque é nesse ponto que actuam os dois rabejadores, que são os responsáveis pelo seu manejo. A sua função é conduzir, manobrar, o forcão de forma a manter o touro sob domínio, cansá-lo e prepará-lo para ser agarrado no momento próprio, objectivo que nem sempre é conseguido.

As medidas do forcão não são uniformes, elas podem variar um pouco de aldeia para aldeia, e de ano para ano, mas o triângulo não se afasta muito do padrão 4,7 x 4,5 x 4,7, o adequado para comportar cerca de 15 ou 16 homens em cada uma das barras laterais.
São o comprimento das galhas e a área da praça que determinam o tamanho do forcão.


O pedido da praça

Eis os mordomos, com o seus acessórios típicos: uma espécie de lenço bordado cai-lhes pelos ombros, empunham gloriosamente a insígnia respectiva. No seu encalce um aglomerado de pessoas em fileiras, que, acompanhando os mordomos, dá voltas de apresentação à arena.
Em fila indiana dirigem-se a um local da tribuna para fazer o pedido da praça a uma personalidade da aldeia. Um mordomo avança e faz um pedido oficial para que a capeia comece (pedido da praça).
A personalidade, honrada, levanta-se e improvisa um discurso no sentido de que o espectáculo decorra da melhor maneira. Antes de se sentar, autoriza que a capeia comece. A multidão manifesta o seu contentamento, são lançados foguetes e os cavaleiros em cavalgada dão várias voltas à arena em agradecimento. Terminada esta agitação abandonam a arena para a lide do primeiro touro.


A lide


Uma trintena de homens entra na praça e pega no forcão.
Dois homens (habituados e com habilidade) os «rabixadores» (rabejadores) coordenam os movimentos de todo o grupo. São eles que impedem o touro de contornar o forcão e pôr em perigo os que o pegam nos flancos. Os homens de maior agilidade pegam à frente (à «galha»), no primeiro plano, fazendo frente ao touro apenas protegidos por umas quantas galhas de arvore dispostas astuciosamente em forquilha. É neste preciso momento que homens e touro rivalizam em coragem e astúcia para saírem vencedores do duelo.
Quando os pegadores avaliam que o touro deu o seu melhor, e num momento de desatenção do touro, retiram o forcão e colocam-no no seu lugar. Alguns homens (os mais corajosos) desafiam o touro, obrigando-o a correr em todos os sentidos, com o objectivo de o cansarem e confundirem para o conseguirem agarrar.
Das bancadas só se ouvem as palavras de encorajamento: «Agarrá-lo, agarrá-lo!»
Algumas vezes um homem atira-se à cabeça do touro. Em poucos segundos saem homens de todo o lado em ajuda ao aventureiro, imobilizando de imediato o touro pela força humana. Depois de alguns segundos nesta postura, o touro é libertado e os homens apressam-se a fugir para as barreiras, afim de evitar ser vítimas de uma cornada. Fica apenas um homem que agarra firmemente o rabo do touro para que os outros se possam pôr a salvo, esperando o momento certo para que ele possa fazer o mesmo. Terminada esta tarefa o touro é conduzido aos currais.
O touro não é picado nem batido e no final sai da praça sem nenhuma ferida ou sangue visível.
Cinco outros touros são corridos da mesma maneira. No meio do espectáculo é introduzida uma vaquinha para que os mais pequenos possam mostrar também as suas habilidades na lide, existindo um forcão à sua medida. O efeito nos espectadores é o mesmo que para os adultos. As mães gritam para os encorajar, mas estão cheias de medo com o que possa acontecer aos seus filhos.
Quando o sexto animal entra no curral, já a tarde está no seu fim.


O dia da capeia


O tão grande dia é esperado pelos habitantes da aldeia com muita ansiedade. Começa bem cedo. Por volta da 8h da manhã juntam-se rapazes e homens idosos para darem os últimos retoques à praça e colocarem as cordas ao forcão.
Por volta das 11h da manhã chegam os bois de camião (5 ou 6 bois e uma bezerrinha). São constantes as palmas, os vivas e as manifestações de alegria dos habitantes da aldeia e aficcionados que esperam ansiosos para ver o gado. Os bois são conduzidos para o curral ou curros e, de seguida, sai o touro da "prova" ou experimentação. É como que um fugaz aperitivo à corrida da tarde. O boi da prova entra na praça. "Há reboliço, burburinho, trambolhões e todo o mundo abala para suas casas, impaciente, a fim de almoçar e se preparar para o momento definitivo”. (dito por Cameira Serra e Pires Veiga no livro "A Capeia").
Por volta das 15horas, começam a chegar à praça aldeões e aficcionados de outras aldeias ocupando os reboques e calampeiras numa agitação enorme e ruidosa discutindo a faina que se aproxima. Molha-se o chão da praça para não levantar pó. Os rapazes concentrados na praça esperam a aparição dos mordomos para dar início ao pedido da praça. Em algumas aldeias os mordomos montam cavalos enfeitados sendo seguidos a pé pela restante rapaziada. Por volta das 16h30 iniciasse o pedido da praça. Lançasse um foguete para anunciar o inicio da festa, os mordomos vão à frente trajados todos de igual com bandeiras ao ombro seguidos pela rapaziada em duas filas ao som de tambor ou acordeão dão duas voltas à praça e dirigem-se à pessoa a quem vão pedir a praça. Normalmente ao Presidente da Junta, param de tocar os tambores ou acordeão e um dos mordomos declama então: “ A rapaziada solteira, em nome de todo o POVO da NAVE vem, uma vez mais, pedir a V.Exa se digne conceder autorização para que se dê inicio a uma das tão célebres e tradicionais capeias.” A pessoa destinguida, responde com um breve discurso elogiando a rapaziada da terra, os espectadores aplaudem, a rapaziada dá mais uma volta à praça e dirigem-se ao forcão para esperar o primeiro boi. Mordomos cada um em sua galha, bem escoltados, forcão em peso, silencio na praça pois todos estão com os olhos na porta dos curros, sai o boi e investe forte no forcão. Os espectadores aplaudem, as mães dos mordomos deixam cair algumas lagrimas, o medo e a emoção é forte. Depois da lide ao encostar o forcão os espectadores aplaudem, as mães dos mordomos suspiram de alivio e os rapazes mais foitos correm o boi a pé passando perto dele e toucando-lhe nas hastes em passagens rápidas e circulares ate que o homem entregue à porta dos curros a abra e o boi entre. Ao entrar o boi para o curro, rapaziada e aficcionados que se protegem nos salva- vidas reúnem-se dentro da praça comentando a lide. Para a malta do forcão e cortadores é colocado no centro da praça águas e cerveja para matar a sede pois a tarde está quente e o pó levantado durante a lide seca os lábios.
O homem da porta dos curros bate com um pau duas ou três vezes na porta e o descanso termina. A rapaziada coloca o forcão no centro da praça e preparam-se para enfrentar o segundo boi. Os rapazes da galha, estes já mais velhos e experientes que os mordomos, animam o resto dos lidadores gritando “força pessoal o bicho é grande”. Sai o boi e vai direitinho ao forcão. O boi é forte, rápido e tenta passar para trás metendo a cabeça por baixo da galha, o pessoal aguenta firme, há gritos nas calampeiras. Alguns curtadores que estão nos salva-vidas tentam tirar o boi do forcão e conseguem. A rapaziada encosta o forcão, os espectadores aplaudem e os lidadores comentam “ foi por pouco”. A rapaziada coloca o forcão no centro da praça e preparam-se para enfrentar o segundo boi. Os rapazes da galha, estes já mais velhos e experientes que os mordomos, animam o resto dos lidadores gritando “força pessoal o bicho é grande”. Sai o boi e vai direitinho ao forcão. O boi é forte, rápido e tenta passar para trás metendo a cabeça por baixo da galha, o pessoal aguenta firme, há gritos nas calampeiras. Alguns curtadores que estão nos salva-vidas tentam tirar o boi do forcão e conseguem. A rapaziada encosta o forcão, os espectadores aplaudem e os lidadores comentam “ foi por pouco”. Repete-se a lide de cortes mostrando a rapaziada habilidade e coragem, lide muito apreciada pelas raparigas da terra, sendo vistos como os valentes da terra. O terceiro boi, um belo exemplar com perto de 500 quilos, dá continuidade a uma animada tarde de capeia, dando vaidade aos lidadores pela actuação de parte a parte, sendo considerada a melhor lide da tarde tendo que se reparar o forcão no final da lide, pois as fortes marradas do boi partira varias galhas. No descanso do terceiro boi, os mordomos dão uma volta à praça passando perto das calampeiras com uma manta esticada, para onde os espectadores atiram moedas e notas aumentando a receita para as despesas. Ao terminar a volta os mordomos dirigem-se ao centro da praça arrebolhando e erguendo a manta agradecem aos espectadores. Começam a aparecer por todos os lados miúdos, miúdas e alguns pais com filhos de dois ou três anos ao colo, é sinal que vai sair dos curros a tão esperada bezerrinha. São tantos miúdos que ao fugirem da bezerrinha embatem uns nos outros, as gargalhadas e as palmas são constantes nas calampeiras. Os mais atrevidotes fazem a pega de caras e num abrir e fechar de olhos a bezerrinha deixa de se ver no meio de tantos miúdos. Durante alguns minutos repetem-se as pegas e os trambolhões, até que a levam para o curro quase em peso. De seguida desaparecem todos da praça, correndo e saltando de alegria subindo para as calampeiras para assistir à próxima lide. Vendo com muita atenção para porem em prática um dia mais tarde. Sai o quarto boi que engrandece a tarde quando na lide de cortes os cortadores se animam e o agarram encostado às grades. O quinto e último boi, já com a rapaziada um pouco cansada, mas onde há sempre há força para mais um, é esperado com a mesma garra e valentia havendo um desempenho acima da média de parte a parte. boi entra para os curros, a rapaziada salta toda para dentro da praça debaixo de uma chuva de palmas e vivas cumprimentam-se e abraçam-se uns aos outros alegres e vaidosos por tão grandiosa capeia. Toda a gente desaparece, pois está quase na hora do jantar. Na praça só ficam alguns rapazes e os mordomos para ajudar a carregar os bois e efectuar o pagamento do ajuste. Depois do jantar vem o baile, toda a gente dança, no bar também não faltam clientes. Por volta da meia-noite um dos mordomos sobe ao palco e anuncia os novos mordomos, momento muito esperado por todo o povo. A rapaziada da terra anima o baile até altas horas da madrugada com um único pensamento na cabeça, a CAPEIA do próximo ano.


Os mordomos


Os mordomos são nomeados no dia da capeia, à noite no baile, para o ano seguinte. Eles são nomeados pelos antigos mordomos que, ainda cansados, sobem ao palco e nomeiam os nome das pessoas e numa ovação de palmas sobem também para o palco. Por norma são dois com idade entre os 18/19 anos. São também nomeados dois mordomos mais novos entre os 10/12 anos, são os mordomos da bezerrinha, uma vaca pequena que é corrida pelos miúdos da aldeia onde iniciam o gosto pela capeia. É uma alegria muito grande para os miúdos e para os pais verem os filhos seguirem os mesmos passos. São ainda nomeadas duas mordomas muito importantes na organização da capeia desempenhando funções como: enfeitar a praça, acompanhar os mordomos ao pedir a praça, elaborar o desenho das t-shirts que todos os rapazes, homens, raparigas, mulheres e miúdos vestem no dia da capeia, t-shirts que por norma são brancas e todos os anos têm um desenho diferente, por norma um touro, um forcão e o ano da realização da festa, as t-shirts dos mordomos são de cor diferente para que todos os espectadores os reconheçam. Os mordomos têm outras tarefas como: destapar e tapar a praça, guardar as grades, troncos, cordas, etc., cortar a madeira para o forcão, ajustar os bois, isto é, escolher os bois e acertar o preço com o dono, tirar as licenças necessárias para a realização da capeia, requisitar os bombeiros e ambulância para eventuais acidentes. Uns dias antes da capeia, os mordomos efectuam um peditório aos habitantes da aldeia onde todos colaboram para poder pagar o ajuste dos bois e outras despesas, pois ninguém quer que a tradição acabe. No dia da capeia é feito um novo peditório desta vez em plena praça. Os rapazes começam a pagar a partir dos 16/17 anos só depois são considerados “homens” capazes de integrar a equipa do forcão. Têm também que elaborar os cartazes onde anunciam o dia da capeia, o conjunto que actua, a ganadaria, e têm que os expor nas outras aldeias para atrair o maior numero de pessoas à festa, montar os bares para a hora da capeia e baile, não esquecendo os tremoços (xoxos) como se diz nas aldeias para acompanhar a cerveja, efectuar o pagamento do ajuste dos bois no final da capeia, escolher os novos mordomos para o ano seguinte e se crescer dinheiro depois efectuar todos os pagamentos, entrega-lo aos novos mordomos. Os mordomos são também obrigados a pegar à galha ao primeiro boi a ser corrido.


O calendário das capeias arrainas


O calendário das capeias arraianas é elaborado e distribuído pela Associação Desenvolvimento Sabugal (ADES), associação sem fins lucrativos, e existe para ajudar as pessoas na organização de projectos que tenham a ver com o progresso e desenvolvimento do concelho do Sabugal.
Na maioria das aldeias da Raia, a capeia realiza-se sempre no dia seguinte à festa anual do Verão e, por norma, é sempre no mesmo dia do mês - excepto nalgumas aldeias que a realizam no fim-de-semana. A ADES, sediada provisoriamente no edifício do Futebol Clube do Sabugal (F.C.S), conta com o apoio do MUNICIPIO DO SABUGAL (sítio de Internet: http//www.ades.pt).


O dicionário de palavras da capeia


Dicionário de termos da tradicional Capeia Arraiana


AFOLIAR – colocar-se à frente do touro, desafiando-o a investir; tourear.


ALABARDA – pau enfeitado ou bandeira, usado nas touradas pela mordomia quando pede a praça; o mesmo que labarda. Também se chamam «alabardas» às bandeiras usadas nas festas do Espírito Santo, em algumas terras: «Era constituída por duas bandeiras, ambas em forma de galhardete, e cujos panos de uma forma quadrada, eram constituídos por retalhos quadrados de cores, em que predominava o vermelho, o amarelo e o verde e por um ceptro, de pau alto, encimado por uma cruz, em torno da qual se colocavam cravos e manjericos, a modos de enfeite» ( Pinharanda Gomes ).


ALABARDEAR – manejo da alabarda, agitando as bandeiras a pulso, até ao cansaço. O mesmo que labardear.

APARTO – escolha e separação dos touros para a tourada. Após o aparto os touros são conduzidos por cavaleiros pelos campos e caminhos rurais até à aldeia onde se efectuará a tourada.


CALAMPEIRAS – lugares cimeiros que envolvem o corro onde se realizam as capeias, nos quais a assistência toma lugar ( Franklin Costa Braga escreve calampreias ).


CAPEIA – tourada arraiana ( do Castelhano: capea ).

CAPINHA – toureiro castelhano que estagia nas capeias da raia portuguesa; o mesmo que maleta.

CHOCA – cabresto; vaca que acompanha os touros bravos. Esta expressão tem outros significados populares: galinha em estado febril, que está a incubar os ovos; pedaço de bosta seca que fica agarrado ao pêlo ou à lã dos animais; salpico de lama. Também se diz água choca, significando água quente.


CHURRO – touro escuro. Júlio António Borges diz significar também: sem viço, sem vitalidade.

CORRO – cerco onde têm lugar as capeias ( touradas com forcão ), formado num largo da aldeia com recurso a carros de vacas carregados de lenha.


CURRO – local onde se metem os touros para uma tourada. « Preço do curro » : preço dos touros.

DESENCERRO – acto em que se conduzem os touros para fora da aldeia após a realização da capeia arraiana.

ENCALEIPEIRAR-SE – fugir do touro para as calampeiras ( Franklin Costa Braga ).

ENCERRISTA – cavaleiro que participa no encerro dos touros na manhã do dia da capeia.

FOLGUEDO – tourada com forcão (  Joaquim Manuel Correia ); festa; brincadeira; divertimento. Francisco Maria Manso chama folguedos às montarias aos javalis.


FORCALHO – o mesmo que forcão ( Francisco Vaz ).

FORCÃO – triângulo feito com pernadas de carvalho atadas com cordame, usado para tourear nas capeias arraianas. Ao forcão pegam entre vinte e cinco a trinta homens que, sincronizados, rodam na praça, para evitar que o touro salte para cima do aparelho, se meta por debaixo dele ou o contorne. Mais a Sul ( Monsanto ) forcão designa um pau bifurcado usado para juntar feno ou para empurrar a lenha para o forno ( Maria Leonor Buesco ).


GALANO – boi malhado, banco e preto (Adérito Tavares)

GALHA – um dos lados dianteiros do forcão – à galha agarram os pegadores mais destemidos.Também significa ramo, pernada.

GALHOS DIANTEIROS – os dois rapazes que ficam nas galhas do forcão, à direita e à esquerda. Noutro tempo os galhos dianteiros estavam munidos de varas com aguilhão, que tinham por função picar o touro, de forma a evitar que saltasse sobre o aparelho de lidar.


GARROCHA – vara com ponta de ferro, usada para picar os touros nas capeias. Também significa: escaravelho ( Pinharanda Gomes ) e jogo tradicional.


JOGO DO BOI – jogo infantil que consiste na imitação da capeia arraiana. Uma vara comprida fazia de forcão e um pau era os chifres do touro, quase sempre representado pelos rapazes mais malandros ( Maria José Bernardo Ricardo Costa ).


MALETA – toureiro amador espanhol que percorre as touradas da raia portuguesa. O mesmo que capinha.

MOFENDA – campo de pastagem para os touros, em Espanha.

MONTARAZ – guarda espanhol dos touros bravos.

NOVILHEIRO – indivíduo natural de Aldeia da Ponte ( termo recolhido por Clarinda Azevedo Maia, que o atribui à fama que têm nas capeias naquela terra raiana ).


PASSEIO – costume antigo, em que, no dia da festa da aldeia, os mordomos marcham pelas ruas, levando insígnias – passeio dos mordomos. Adérito Tavares associa o passeio à capeia, pois os mordomos desta e outros rapazes evoluem pelas ruas da aldeia, ao som do tambor, em momento que precede a tourada. Joaquim Manuel Correia chama-lhe passeio dos moços e refere tratar-se de uma evolução militar simulada, cuja origem vem do tempo em que os mancebos se preparavam para exercerem funções de defesa das suas aldeias.


PEDIR A PRAÇA – acto inaugural da capeia, em que os mordomos solicitam autorização para dar início à tourada. A praça é pedida à pessoa mais grada que está na assistência, que no momento representa a autoridade.


PINCHADO – indivíduo perfurado com o corno do touro.

REDONDEL – pequeno largo fechado por carros de lavoura, carregados de mato, onde se fazem as capeias nas aldeias raianas ( Nuno de Montemor ).


RABEADOR – homem que pega no vértice traseiro do forcão e o maneja face ao movimento do touro. O mesmo que rabichador. Adérito Tavares refere dois termos equivalentes: rabejador e rabicheiro. O rabeador tem de ser um homem alto, ágil, e com capacidade de comando.


RABICHO – vértice traseiro do forcão, que é o seu leme ( Francisco Vaz ). Adérito Tavares escreve rabiche.

SORTE – lide de um touro na capeia. O termo tem outros significados: parte de uma propriedade que cabe a cada um dos herdeiros. Ir a sortes: ir à inspecção militar (o mesmo que dar o nome ou dar o número) – a sorte do inspeccionado podia ser: livre, esperado ou apurado.

TAMBORLEIRO - O tamborleiro é figura essencial nas capeias em algumas terras da Raia. É ao som do tambor que se efectua o passeio dos rapazes.


TOURO DA PROVA – touro que é lidado com o forcão logo a seguir ao encerro, para verificar se há boas expectativas para a capeia, que acontecerá à tarde.


VACA DA AGUARDENTE – vaca largada na manhã da capeia, logo após o encerro.




 
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